Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2012

INSPIRAÇÕES A 40º

Pequenas coisas que me fazem feliz nesse calor todo Por: Sibéria de Menezes Carvalho 1. Banho frio 2. Sorvete 3. Chuveirão com os filhos 4. Esfoliante 5. Hidratante 6. Vestidos 7. Shorts 8. Milk Shake 9. Ar-condicionado 10. Lavar o cabelo 11. Laranja e tangerina 12. Caminhadas ao ar livre 13. Água de coco bem gelada 14. Tudo gelado (rsrsrs) 15. Minhas crianças na piscina de plástico 16. Lugares gramados 17. Árvores 18. Amor e amigos (faça chuva ou faça sol) 19. Fazer as unhas 20. Calçada e varanda 21. Água água água e mais água 22. Andar descalça 23. Prender os cabelos 24. Música eletrônica 25. Abrir as janelas 26. Abrir a geladeira 27. Óculos escuros 28. Maiô novo 29. Cores vibrantes 30. Curtir minha preguiça...

UM SIM PARA/COM MEUS FILHOS

Por Sibéria de Menezes Carvalho Chegando em casa, minha Marina (1ano e 5 meses) respondeu a uma pergunta que eu fiz com um sim, balançando a cabecinha pra cima e pra baixo, com um alto grau de concentração e certeza do que estava dizendo – e, claro, com um esnobismo de quem sabe o quanto eu estava impressionada com aquilo. Bem, corujices de lado, fiquei reflexiva depois. Até agora só sabia a pequena dizer não: de formas variadas, até.  Pensei no quão é importante que os filhos aprendam, sempre, não só com a gente (os pais), mas com o mundo.  E fiquei me perguntando: por que só a ensinei a dizer não? Essa questão mexeu comigo. E é bom que mexa. O que mora em mim como indivíduo e como mãe que está tão preocupado em negar (ou se negar)? Óbvio que há os nãos fundamentais nessa fase: tomada, não; chão molhado, não; subir, não; botar na boca, não. Por outro lado, será nosso papel dizer não o tempo todo? Por que não atirar o controle remoto ao chão algumas vezes ao dia? Por que nã

Um bolo feito em casa

Por: Sibéria de Menezes Carvalho Dia desses ouvi a expressão “um bolo em cima da mesa faz de uma casa um lar”. Depende. Depende do caminho que o bolo fez até chegar à mesa. Não desmerecendo as padarias maravilhosas de nossa preferência. Agora, um bolo feito no calor das nossas casas, a quatro, seis, oito mãos, é um bem precioso. É o encontro, a partilha, a comunhão. A cozinha é o termômetro das relações familiares e do coração. Pelo menos da minha é. Cozinha cheia é sinal de festa. Quente, aromática, cheia de cores. Quando vou cozinhar é porque estou bem. A alquimia verdadeira acontece nesse espaço: onde farinha, leite e outros ingredientes viram um bolo, viram carinho, expressão de amor e união. Sinto-me feliz quando meu filho, pequeno, junto a mim, conversa sobre a vida, o dia a dia, as suas aspirações; entre uma e outra pincelada de manteiga na forma. E me pergunta de que é feita a manteiga e de que são feitas as mães. Alegra-me a caçulinha ensaiando as primeir

SOBRE A LUA

Por Sibéria de Menezes Carvalho Que dizer sobre ela? Sobre encantamento e mistério, sobre a sua face oculta? Estou a falar sobre a lua ou sobre o próprio gênero feminino? A lua e o feminino têm relação estreita. São noturnas, misteriosas e sempre carregam a outra face, aquela da qual nada se sabe e, por não sabê-la, o outro lado, aquele que realmente vemos, torna-se imediatamente suposição, areia movediça e incerteza. Envolta na noite, reluz entre as pequenas estrelas, majestosa. Tem fases, não é só uma. Multifacetada, seus raios influenciam os líquidos. Mares, oceanos e líquido amniótico voltam à lua obediência secular. Cor de leite, líquido precioso do qual sentimos o gosto do mundo pela primeira vez. Não aquece a pele, mas o coração. Dona das noites, deusa dos amantes, razão dos poetas, horóscopo dos loucos. Substantivo feminino. Namoradinha do Astro-rei. De prata. Notívaga. LUA.

"ESTÁ NA HORA DA HOMEOPATIA"

Por: Sibéria de Menezes Carvalho Ontem, no Teatro do SESC Crato, assisti à peça “Perdoa-me por me traíres”, texto de Nelson Rodrigues e deixemos outras localizações pra depois. A platéia, e eu também, que estava na platéia, riu algumas vezes em que a personagem da Tia Odete repetia: “Está na hora da homeopatia”. A personagem de uma frase só foi para mim a mais simbólica. Não sou muito boa em enumerações, mas, vamos lá. O primeiro ponto que há de justificar o meu estado de encantamento com tal personagem deve-se ao fato do semi-silêncio no qual ela apreende, compreende, depreende da vida. Todo o mundo pode ser dito naquelas poucas palavras que repete. O silêncio muitas vezes pode representar mais que palavras. Há momentos em que as palavras são demais, ou que nenhuma delas encontra razão de ser. A frase era um silêncio retumbante. Aquele em que se acha um jeito de anestesiar-se perante a realidade dura e/ou incompreensível. Naquele onde o conforto da existência estabelece-se de

A palavra Mãe

Mãe, palavra que cria o mundo. Mãe é o substantivo mais adjetivo que existe.   A palavra mãe simboliza um algo a mais, incabível no nome em si, por isso, para mim, pertence a duas classes gramaticais – é substantivo e adjetivo. Mãe, adjetivo, é palavra que qualifica o ser. Quando digo e ouço “mãe” toda a ternura do mundo vem a minha boca, entra pelos meus ouvidos. Parece um abraço caloroso e mãos leves. Mãe pode significar carinho, saudade, zelo; também como para mim significa carinhosa, saudosa, zelosa... o nome e o adjetivo cuidam em estar tão juntos de nunca se soltarem. Mãe é uma lente de aumento. Intuitivamente, as mães estão sempre um passo a frente dos filhos; mãe é mãe mesmo quando não dá à luz um ser; assim ela muda a construção da regência para dar luz a um ser – mãe é luz. Generosa, dá luz e dá à luz. Mãe é coisa de Deus. Mulher nasce com a marca de ser mãe, é visceral, e, quando o ventre não conjuga o verbo gerar, a mulher, facilmente, torna-se mãe da mãe, dos i

Sobre recaídas

Uma recaída é um sinal de humanidade. Quantas vezes quebramos as mesmas promessas de "jamais"? Não falo das grandes recaídas - de namoros e voltas desse tipo. Mas das mais simples, que são, no fundo, as mais difíceis de segurar. E, por as julgarmos bobas demais, estamos sempre a cometê-las. Eu confesso, com quase todas as letras, as minhas mais tolas recaídas. As clássicas: promessas de comer menos, de visitar os amigos, de não usar as mesmas sentenças e de deixar de fazer promessas. Talvez nessa última eu seja recordista. "Prometo que não vou mais prometer!". Ter uma recaída é nosso sinal humano sobre a face da terra e das águas. Sinal de que voltamos atrás, de que somos falhos, inacabados e, por isto mesmo, eternos. Gozamos do livre arbítrio a todo momento. (Re)cair. Voltar ao chão. À estaca zero. Voltamos à página em branco. (Re)cair é voltar ao começo quando a nossa vida nos parece retilínea demais, rasa demais. Então, mergulhamos nas promessas que podemos, c

O que te dá saudade?

Saudade é um sentimento que só faz mudar de lugar. Eu sou alguém que vive sentindo saudade: de um cheirinho de café no ar, de um pensamento, de um sentimento, de pessoas, de lugares, de roupas... enfim, a saudade me chega nos cinco sentidos. A saudade é. Só muda de lugar. Às vezes saudades nas mãos, nos braços, na boca, no estômago, nos cabelos, nos pés. Não me resta - como um ser que está na condição tempo-espaço -, outro sentimento a não ser uma saudade. “Tá na hora de entrar, filha!” “Esse calçou direitinho” “Telefone!” Frases soltas e cheias de sentido me fazem sentir saudade. Dos objetos que já tive: um par de meias, a TV preto e branco, aquele tempo em que imaginava quando fosse adulta. Saudade das calças jeans grandes e largas da minha mãe – eu com oito anos – de ser pequenininha em relação aos outros. De perder tardes brincando com minhas irmãs, debaixo de um lençol preso às cadeiras da sala de jantar – nossa barraca do Saldanha. Sempre senti saudade. Ela só ia mu

ENSAIO SOBRE A ESTUPIDEZ

Sobre o Canal do Rio Grangeiro no Crato Chuva no sertão é bom sinal. Essa é a máxima que afaga o peito dos nossos conterrâneos, na chegada de março, mês do nosso santo querido São José. Na cidade do Crato, há algum tempo, as comunidades que beiram o canal do rio Grangeiro, vem sofrendo justamente o oposto do senso comum do nordestino em relação às chuvas – teme por novas e belas chuvas, que adquirem agora um caráter ameaçador. Há mais de um ano (janeiro de 2011) uma grande enchente arrasou o canal do rio Grangeiro, deixando desabrigadas várias famílias, rompendo casas, alastrando o horror, que só quem vê a casa desabar e o perigo iminente de perder a família e a vida, pode experimentar. Bem, isto ficou no passado, ou no presente, já que passadas as chuvas, uma obra desqualificada e inútil provou agora, com a chegada de novo março, a sua ineficiência. Está aqui, a chaga aberta, para todo o Crato conhecer com quanta estupidez temos sido tratados e tratado a nossa querida cidade.