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Mostrando postagens de 2016

AMOR - substantivo abstrato

SILÊNCIO - MEU OBSERVATÓRIO NATURAL (Sibéria de Menezes Carvalho)

Sempre fui acometida pelo silêncio e pela necessidade de dizer.   Primeiro eu quero dizer, e não sabendo como, e não tendo a certeza do quê dizer, eu faço longos silêncios Meu silêncio é vário: confusão, medo, incerteza, orgulho, carência, vaidade ou apenas um jeito de não saber o que fazer. Algumas vezes, resistência Noutras, covardia Mas eu o aceito E o procuro Quando a vida se põe incompreensível ou impossível. Meu silêncio também é espera, contemplação, um autodescanso. Meu silêncio é o lugar onde me guardo, enquanto não digo. Antes de dizer, eu sou silêncio Às vezes, sei viver uma grande alegria em silêncio. Às vezes, uma grande tristeza. Antes do verbo, vizinho ao caos, havia profundo silêncio. #luzsobrepoesia   #silêncioepaz   #silêncio

HOJE EU SOU RIO

Sou rio que não quer ser mar. Corro doce e revoltoso em direção                        ao destino de ser outra coisa. Tenho margens Tenho profundezas Tenho quedas e curvas.No misterioso trajeto                 eu vou                 seguindo a minha natureza Eu não posso voltar atrás Nada posso contra a gravidade Devo aceitar a metamorfose. Enquanto ela acontece, Olho à esquerda e à direita Sem sentir-me jamais seguro para ir adiante Mesmo assim, eu vou. Às vezes arrasto com violência o que está no meu caminho Em outras, deslizo com suavidade Possuído por embarcações de esperança Não quero chegar a mar Mas sou empurrado sem alguma misericórdia Revolto-me, e, pouco a pouco, perco a doçura                 que faz de mim um rio. As embarcações me deixam de habitar                 Porque sou instável, perigoso Estou apavorado, confuso entre duas naturezas                 que não compreendo. Já fui água navegável Já fui saudad

9 de agosto de 2016

Dia dos pais 2016

Pela alegria dos filhos, se vê o pai. Pelo menos esses filhos, pelo menos esse pai. Pois é assim que é a relação deles: eles refletem um ao outro. Eles animam um ao outro. Eles são um no outro. E eu sou em todos eles: minha fonte de onde jorram esperança, alegria, amor e gratidão, para dizer o imediato. É para ele que os filhos correm em busca de socorro, companheirismo, colo, diálogo e compreensão. E é lá que encontram tudo o que buscam num pai. Eu sou feliz por tê-lo ao meu lado e dividir com ele as dores e as delícias da paternidade. Luanda, Ulisses e Marina, o melhor pai do mundo é o de vocês!  #ondeestáomeucoração   #ondemoraminhapaz #Ulisses   #Marina   #Luanda

Escrito no domingo dos pais. 14/08/2016

Meu pai é um presente que fui (e vou) desembrulhando aos pouquinhos.  Já encontrei nele o que eu quis e o que eu não quis encontrar. Já briguei com ele, já quis ir embora e já quis nunca mais sair de perto dele.  Depois, meus filhos chegaram. E meu pai virou avô. O que amaciou a natureza dele e a minha. E quanto mais o tempo passa, mais eu compreendo aquele ditado de que Deus escreveria certo po r linhas tortas. Porque se há amor, há Deus. E esta é a base do livro onde está tudo certo, ainda que as linhas sejam tortas. É por aí que nos encontramos, meu pai e eu. Que linhas acima e abaixo, tortas e certas, guardamos um amor nem sempre dito, mas sempre presente, entre um olhar e outro, entre uma compreensão e outra. Guardamos amor um pelo outro. E isto é o bastante. E todas as linhas estão sendo escritas sobre e com esse sentimento que nos temos. Feliz dia dos pais, seu Jesus Soares de Menezes!

PRECE DE LAVOURA

Qual agricultor entende o tempo de semeadura e colheita, eu quero ser. Eu quero entender as minhas estações.  Aprender sobre a minha natureza - Quando eu for inverno, quando estio. Que eu aprecie as flores e saiba lidar com a queda das folhas.  Que eu ouça e veja pássaros em redor das copas.  Que os frutos sejam belos e saciem a fome dos que vêm.  Que eu aprofunde minhas raízes em busca das águas mais vitais.  Que eu saiba aceitar cada estação com gratidão e sabedoria Que eu saiba esperar entre a semente e o fruto.  Que eu tome cada um de meus dias com coragem e alegria.  Que eu tenha respeito por cada tempo que chega e por cada tempo que vai.  Que eu seja feliz do plantio à colheita.  Assim seja!  (Sibéria de Menezes Carvalho)

Meu avô

Eugene Boch. Vincent Van Gogh. 1888 Eu não tive experiência de ter avó. A isso eu credito algumas dificuldades que tenho na vida: como de não saber direito se (ou quando) devo fazer birra e me jogar no colo de alguém, em prantos ou em felicidade.  Eu tive um avô. Não aquele avô inteirão, mas um homem já gasto pelo engenho da vida. Eu julgo que ele sentisse mais falta de minha avó do que eu, q ue nunca a tive.  Meu avô parecia triste. E as lembranças que tenho dele são distantes, como são todas as lembranças da minha infância.  Porém, hoje, dia consagrado aos avós, absorta estou na memória de sua ternura, de sua paciência, de seu modo singular de dar afeto: compartilhando memórias de uma juventude distante, nos subornando com biscoitos e beijus de feira, e fazendo de conta que nos cuidava, quando, na verdade ele estava sendo cuidado.  Meu avô foi o avô que podia ter sido. E foi. Com sua cadeira de couro, seu chapéu de palha, seus olhos profundos e seu sorriso quase

Céu estrelado

Retirada do deserto

Eu atravessei um deserto Com toda a nossa intemperança Minha e do deserto  Instáveis  Movediços Desreferenciados. Dele saí Quando pude entender Que dentro de mim Ao redor de mim Acima da minha cabeça E abaixo dos meus pés Um deserto eu criara Quente e frio. Eu desertei-me Num mar de areia onde afundava A vida. Eu atravessei um deserto Ele também me atravessou E fomos embora um do outro Com valiosas lições E sem saudades. (Sibéria de Menezes Carvalho)

Vontade

Sobre alternâncias e disjunções

Sem meias palavras  Sê tudo em tudo Ou nada no nada Vem ou parte Nego-me à corda bamba suspensa, recuo. Ou salto ou fico Navego ares ou profundezas Aqui ou lá Não habito mais o caminho do meio Nem os quase Aprendi a dizer um não com não E um sim com um sim Posso até voltar atrás, quando eu quiser, mas antes, sorvo a minha razão ou desrazão Não ocupo dois lugares ao mesmo tempo e nem me enfeito de equilíbrios Te dou minha palavra inteira ou nada. (Sibéria de Menezes Carvalho) #luzsobrepoesia  

Autoexílio

Sofro de uma saudade congênita Grave e aguda Saudade do passado e do futuro Saudade do que será Do que já foi e do que é Uma saudade que atravessa os tempos E o meu coração Não exatamente uma saudade de Mas uma saudade, apenas Como um autoexílio Mora em mim uma brecha na alma, às vezes escassa Um buraco Um espaço Com nome de saudade Uma saudade futurista (Sibéria de Menezes Carvalho)

D.E.S.L.A.B.I.R.I.N.T.O

Saia de si para se encontrar... Mas volte!

Ensaios de liberdade

Sabe aquele dia que já começa lindo? Meu amor Ulisses vai a uma aula de Campo. Para a mamãe aqui, o momento é de felicidade: por ele estar muito animado com esta aula, por ver minha cria usufruindo de certa independência e liberdade... E é também momento de ir me preparando para receber o menino que procuro educar justamente para isto: para a LIBERDADE, para o conhecimento, para o mundo.  Peço daqui, meu filho, para que dê ao mundo este amor que te dou, e peço para que o mundo, quando for incapaz de lhe dar esse amor, que você sempre saiba que é amado!  Sibéria de Menezes Carvalho

"Está escuro demais para ver qualquer coisa"

"A toca do coelho era estreita como um túnel no começo e então se inclinava subitamente para baixo, tão subitamente que Alice não teve nem tempo de pensar em parar antes de ver-se caindo em um poço bem profundo. Ou o poço era muito profundo, ou ela caiu muito lentamente, pois teve tempo o bastante enquanto caia para olhar ao seu redor e se perguntar o que aconteceria em seguida. Primeiro, tentou  olhar para baixo e descobrir para onde estava indo, mas estava escuro demais para ver qualquer coisa.(... ) Caindo, caindo, caindo. A queda nunca chegaria ao fim? (Alice no país das Maravilhas - Lewis Carroll - publicado em 1865) ______________ Uma das cenas mais populares da Literatura é esta, em que vemos Alice cair em um poço sem fundo.  É assim que me sinto ao ver as notícias no nosso país (planeta Brasil).  ... Caindo caindo caindo...  E maior do que o medo do fundo do poço, é o medo de que ele seja realmente sem fundo e que nos acostumemos à qu

Com os astros eu ando distraída

Pequeno Diálogo de Salvação

Marina:  - Mamãe!  ... silêncio...  - Mamãe!  ... silêncio... Eu brincando de me esconder dela - Mamãe! Não aguentei mais e respondi: - Estou aqui! Dentro de um abraço, ela diz no meu ouvido: - Ainda bem que você tá aqui, mamãe! Eu aperto ainda mais o abraço e agradeço: - Ainda bem que você tá aqui, Marina!  Sibéria de Menezes Carvalho

Luz Sobre Poesia

P A P E L A R I A

Parte da infância que trago comigo Desperta quando entro numa papelaria  Porque preciso de papéis e lápis de todas as cores Para desenhar todos os sonhos que ainda tenho Preciso de envelopes para finalmente postar as cartas que tenho escrito há tantos anos E os clipes que juntarão os papéis avulsos nos quais escrevo pretensa poesia Cruzo a porta da papelaria para encontrar a criança que já fui um dia E perguntar-lhe se tenho agido com alegria bastante para um adulto E conversar com esta criança sobre a evolução das fitas k-7 e dos desenhos animados que ainda costumo ver Entro na papelaria para socorrer a criança que há em mim E pedir-lhe gentilmente que jamais me deixe. (Sibéria de Menezes Carvalho)

Vem ver as flores!

Tomo como verdadeiro, sem interesse algum em confirmar, porque para mim é mais belo que seja verdade, o fato de que as flores datam do mesmo período do homem na Terra. Digamos que Deus, ou a Natureza, como queiram acreditar, preparou o planeta Terra e nele despejou as águas: doces e salgadas, em abismos e cascatas. Dentro das águas, a vida. Nos ares, a vida. Embaixo do chão, a vida. Dentro dos pe ixes e pássaros, a vida. Segundo o que acredito, Deus criou por último o homem. E segundo o que ouso dizer, para que este pudesse dar continuidade ao Seu trabalho de criar. Enfim, conforme o que gosto de acreditar, certa vez ouvi que as flores e o homem surgiram ao mesmo tempo no planeta. Do confronto entre a fé da Ciência e da Religião, derivo a poesia do que para mim isto significa. 1. Que Deus é aquele pai amoroso, que prepara para os seus filhos a chegada. Ou, se para ti, o Deus é a Natureza, que ela tem igual sabedoria e cuidado. 2. Que Deus é a

Se a poesia me invadisse

Se a poesia me invadisse, Como num dia de verão, Eu poderia reparar No verde das folhas E veria o sol banhar com sua luz amarela àquilo que ele transforma em dia. Se a poesia me invadisse Eu seria o verão: alegre, quente, afeito à cores e passeios de bicicleta. E, sendo verão, andaria com o Sol aonde eu fosse, me espalhando sobre mares e montanhas. Sendo solar e alegre, abrigaria na algibeira de ser os pássaros em vôos vertiginosos como a liberdade. Só tu, poesia, fartaria meus dias em sentido, em luz, em inteirezas. E pintaria com as cores vivas o que é nublado, transfigurando todas as coisas, como o Sol que navega pelos ares até iluminar o mais escondido dos mundos. Subordino-me a ti, poesia, vem e faz-me merecer ser um dia de verão!   (Sibéria de Menezes Carvalho)

11 anos de Ulisses

Filho, tão estreita é a ponte que há entre mim e ti Que não sei onde você começa Nem onde eu findo Só sinto que nessa ponte está guardado todo o encantamento Que, juntos, construímos diariamente Porque és para mim estrada que me leva ao sagrado universo do amor, Onde todas as coisas são milagre: Como a chuva que sempre cai na madrugada do seu aniversário. É milagre quando ao te olhar eu sei, sem que me diga uma só palavra É milagre quando me abraça e sinto a tua paz É milagre ser mãe E receber a ti como filho, Com esse sorriso que me basta. És para mim bênção divina, com quem partilho a estrada da vida. Deu-me novo coração, nova vida e o nome MÃE! Pra ti, Ulisses, toda a sorte de tudo o que for bom Que Deus te guarde e abençoe. Feliz aniversário, meu amor! (Publicado no facebook, dia 11 de março de 2016)