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Mostrando postagens de agosto, 2012

SOBRE A LUA

Por Sibéria de Menezes Carvalho Que dizer sobre ela? Sobre encantamento e mistério, sobre a sua face oculta? Estou a falar sobre a lua ou sobre o próprio gênero feminino? A lua e o feminino têm relação estreita. São noturnas, misteriosas e sempre carregam a outra face, aquela da qual nada se sabe e, por não sabê-la, o outro lado, aquele que realmente vemos, torna-se imediatamente suposição, areia movediça e incerteza. Envolta na noite, reluz entre as pequenas estrelas, majestosa. Tem fases, não é só uma. Multifacetada, seus raios influenciam os líquidos. Mares, oceanos e líquido amniótico voltam à lua obediência secular. Cor de leite, líquido precioso do qual sentimos o gosto do mundo pela primeira vez. Não aquece a pele, mas o coração. Dona das noites, deusa dos amantes, razão dos poetas, horóscopo dos loucos. Substantivo feminino. Namoradinha do Astro-rei. De prata. Notívaga. LUA.

"ESTÁ NA HORA DA HOMEOPATIA"

Por: Sibéria de Menezes Carvalho Ontem, no Teatro do SESC Crato, assisti à peça “Perdoa-me por me traíres”, texto de Nelson Rodrigues e deixemos outras localizações pra depois. A platéia, e eu também, que estava na platéia, riu algumas vezes em que a personagem da Tia Odete repetia: “Está na hora da homeopatia”. A personagem de uma frase só foi para mim a mais simbólica. Não sou muito boa em enumerações, mas, vamos lá. O primeiro ponto que há de justificar o meu estado de encantamento com tal personagem deve-se ao fato do semi-silêncio no qual ela apreende, compreende, depreende da vida. Todo o mundo pode ser dito naquelas poucas palavras que repete. O silêncio muitas vezes pode representar mais que palavras. Há momentos em que as palavras são demais, ou que nenhuma delas encontra razão de ser. A frase era um silêncio retumbante. Aquele em que se acha um jeito de anestesiar-se perante a realidade dura e/ou incompreensível. Naquele onde o conforto da existência estabelece-se de