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Mostrando postagens de 2014

MILLÔRIANAS

Verdades sobre a minha poesia Minha poesia está escrita em versos Em português brasileiro contemporâneo. Meus versos são brancos porque não sei rimar. Não sou poeta Mas sou alegre e triste. Minha poesia não é sobre a verdade Alguns de meus versos me levantaram no meio da madrugada, só pra me mostrar quem é que manda. Não conto as sílabas poéticas porque não sei contar, Mas faço cada uma delas, não sei por que e nem como. Não faço poesia em papel pautado, Nem para matar o tempo que às vezes me sobra. Não faço poesia, ela que me faz e às vezes me refaz, outras, desfaz, mas, geralmente, me compõe. Contrariando Drummond, e embora o adore, faço poesia sobre acontecimentos. Não domino rimas ou canções, mas pela poesia eu me entendo. Toda a minha poesia sai de onde está e me leva aonde nunca estive. Sibéria de Menezes Carvalho

SARTREANDO

Eu sou eu e minhas incoerências Carne, osso, gordura, neurônios e nervos Pele, olhos, unhas e pelos Eu sou eu mais os meus medos e coragens Carreira e lentidão Curvas e linhas retas Eu sou eu mais aquilo que não me diz Eu metáfora Eu hipérbole Eu paradoxo Eu sou eu mais meu riso e choro E minhas roupas que me cabem e as que não me cabem mais Sou eu e meus rompantes de heroísmo e covardia Eu sou eu e minhas ilusões Pálio de estrelas e buracos negros Sozinha e em multidão Eu sou eu mais o chão que me sustenta e o céu de gravidade Vagando por noites e noites A procurar por mim A procurar por outros Eu sou eu mais minhas palavras Sibéria de Menezes

BALADA PARA NÃO AMAR

BALADA PARA NÃO AMAR (Sibéria de Menezes)  Não me chame para ver um filme que já vi Nem para ver uma chuva que não vai passar Não me chame para os tintos ou brancos Não me chame para degustações dionisíacas Não me chame para ver a lua e seu efeito sobre as marés Não me chame para noites de tormenta e amor até o raiar do dia Não me chame para mãos e bocas, pernas e pés Não me chame para o dois pra lá, dois prá cá Nem para deitar-me contigo à beira do rio Não me chame para chocolates, flores, champanhe e massas finas Nem para baladas e odes ou sonetos Não me chame para ver a escola passar na avenida Não me chame ao recital ou ao barzinho da moda Não me leve ao altar nem à fossa Não me faça ouvir os acordes de querubins nem ouça Nina Simone Não me peça para ir nem para ficar Não me dê importância nem suspiros nem saudades Não me dê miragens nem desertos nem motivos para pensar em ti Não me chame para rir das besteiras dessa vida Nem para chorar

Narciso em águas alheias

Eu trago em mim um Narciso ao contrário.  Pesa sobre meus ombros como um fardo grego. O meu Narciso ao contrário afoga-se nas águas da beleza do próximo. Tudo o que é belo, bom e adorável, meu Narciso só encontra no outro. Meu Narciso não tem espelho, não se olha, não se venera. O pronome do meu Narciso está na terceira pessoa ou na segunda. Sou um Narciso de águas alheias. Quero o outro Narciso, aquele que me dê tanta paixão por mim mesma, pela qual eu seja capaz de morrer em águas de amor próprio... Quero outro Narciso, o verdadeiro, não este que gasta a vida pela janela do outro. Espelho, espelho que não é meu, dá-me a graça de olhar para mim e ser eu.

POR UM ROÇADO DE LIVROS

(A propósito do jovem que plantou um roçado de feijão para pagar os livros do 1º ano do ensino médio) Por Sibéria de Menezes Carvalho O sol é quente, escaldante – a luta é dura A vida, uma promessa aberta. Planto esperanças e feijões Os dois eu cultivo no calor do sol e da fé Professava na enxada o cuidado dos números, do seu futuro. Na lavoura da vida vai o lavrador             lançando sementes de aprendizado             de onde colhe, além de feijões, a própria vida. Na infância quase distante             lavrou o que chama de um roçado de feijão             plantou, para mim, para ti e para si, uma tarefa de livros                         que, ainda hoje e a infinito, brotarão.

OS LOUCOS E SEUS MOINHOS DE VENTO

(Sibéria de Menezes Carvalho) Empunhando uma lança imaginária, em cima de um cavalo imaginário, em defesa de uma donzela imaginária, contra moinhos de vento imaginários, o louco é repleto de paixão, idealismo e força. Ele não sente o sol arder nem o ridículo. Todos carregam um Quixote nas entranhas, um apaixonado por uma causa. O louco é aquela fatia de nós que acredita em dragões no lugar de moinhos de vento. Nosso Quixote é a nossa criança, cuja peleja consiste em manter-se insubordinado ante as convenções dos homens e das vontades (alheias). Ora, nosso Quixote é insubordinado, malvado mesmo. Um cavaleiro sem ouvido comum. Lá vai ele, empunhando a lança e o peito em busca de um ideal, de um propósito nobre. Agora, quem garante o que é real e o que é imaginário? Quem nasce primeiro? O que é primitivo? O que é derivado? Nasce primeiro o cavaleiro errante e sua força ou o homem prestes a sucumbir no seu pré-leito de morte? Nascem primeiro as Dorotéias, os Rocinantes e os Sanchos

Escrita sobre os nove anos de Ulisses (Março de 2012)

Hoje faz nove anos meu príncipe submarino, o "grande, o super, o hiper, o extra, o incrível" Ulisses, meu filho. Presente vindo do Alto, de Deus. Há mais de nove anos preenche de um amor supremo meus dias tão efêmeros quanto etéreos, com so rrisos, entendimentos e outros presentes. Um amor que comemoro há mais de nove anos. Filho meu, Deus faça chover sobre ti todas as graças. E faça de mim a mãe que você(s) precisa(m) ter. Amo-te de um amor grande e quase indizível. Muito obrigada pela sua vinda. Parabéns!!!!

Para a princesa de "mamani" (Escrita sobre os três anos de Marina) em Abril de 2014

Acordei-me hoje com uns pezinhos barulhando pelo chão. Próximo à cama, a dona deles me pedia: "Mamãe, deixa eu ir pra tua barriga!". Marina fazia referência ao seu novo hábito: dormir debruçada sobre a minha bar riga. Hoje, no seu aniversário, ela presenteia-me com as primeiras palavras do dia, fazendo-me ter de novo a lembrança de que, há exatos três anos, ela não mora mais na minha barriga. Há três anos, essa pequena "ganhou o mundo". Há três anos a casa tem a alegria dobrada e meu coração também dobrou de tamanho. "My little Miss Sunshine" tem um jeito delicado de fazer cada coisa, um charme que se coloca a mais no mundo, no meu mundo. Ela não preenche minha vida, apenas, como uma mobília nova em casa, ela a ressignifica a cada instante: em que me abraça, em que põe as mãos no colo ou nos cabelos, ajeitando a linda cabeleira, em que sorri - e ela sorri sempre, em que me faz sonhar acordada que no castelo da minha vida vive, PARA SEMPRE, uma princesa. A

Mire e veja

“O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão.“ Guimarães Rosa   Mire e veja Se naquele lugar onde dói Existe uma dor. Pensa nela Esteja com ela Chora com ela E depois Mire e veja Ouça e sinta Descobre que há um medo Por dentro do medo Por trás do medo E no centro do medo. Quando achá-lo Se achá-lo, se é que é possível... O medo estará bem guardado Numa coisa à toa, por assim dizer E, por isso, em toda parte Mire e veja Não será limpo Será duro estar com ele Corre o risco de botar tudo a perder Role com ele pelo chão A luta é dura e sangrenta Rosne e morda Aja como um mau menino Esteja com ele por algum tempo E depois, Liberta-se dele Mata esse medo Que te dá olhos cansados E febre no coração Ateia fogo Ateia lágrimas E algun

Aula Inaugural do Curso de Redação 2014.1

A aula inaugural deste 2014.1 teve como tema "Interpretação de texto e delimitação temática". Aconteceu hoje no ESC Concursos e Vestibulares em Juazeiro do Norte. Aguarde divulgação da aula inaugural em Crato - Ceará.