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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

MÃE-OUVIDO

Sibéria de Menezes Com suas vozes de criança, as minhas crianças, falam muitas vezes ao dia “mamãe”, pra quase tudo: “mamãe”. Como se me dissessem: “Estou aqui.” Eu ouço mais os meus filhos do que os vejo, de maneira que eu os percebo primeiro pelos ouvidos. Sou uma mãe-ouvido desde que os ouvi pela primeira vez. Eles dizem “mamãe” e imediatamente eu compreendo o sentido da minha vida, o maior deles. “Mamãe”, e eu dou graças por poder ouvi-los e estar junto deles para vivermos um amor ouvido e falado. O modo como eles me afirmam como mãe, ao pronunciar esta palavra-mágica, dá-me a certeza da maternidade, no meio de tantos questionamentos que me faço como mãe. Quando me dizem mãe, a cada vez, me fazem mãe novamente. Na verdade, eles invocam a minha parte-mãe, o que me leva a quase compreender o todo-eu. Com suas vozes de criança e tudo o que neles há de criança renovam minha vida, participam-me de uma nova existência, de uma vida que se (re)constrói a cada instante no segredo das