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ENSAIO SOBRE A ESTUPIDEZ

Sobre o Canal do Rio Grangeiro no Crato

Chuva no sertão é bom sinal. Essa é a máxima que afaga o peito dos nossos conterrâneos, na chegada de março, mês do nosso santo querido São José. Na cidade do Crato, há algum tempo, as comunidades que beiram o canal do rio Grangeiro, vem sofrendo justamente o oposto do senso comum do nordestino em relação às chuvas – teme por novas e belas chuvas, que adquirem agora um caráter ameaçador.

Há mais de um ano (janeiro de 2011) uma grande enchente arrasou o canal do rio Grangeiro, deixando desabrigadas várias famílias, rompendo casas, alastrando o horror, que só quem vê a casa desabar e o perigo iminente de perder a família e a vida, pode experimentar.

Bem, isto ficou no passado, ou no presente, já que passadas as chuvas, uma obra desqualificada e inútil provou agora, com a chegada de novo março, a sua ineficiência. Está aqui, a chaga aberta, para todo o Crato conhecer com quanta estupidez temos sido tratados e tratado a nossa querida cidade.

O trânsito está um verdadeiro caos. E isso não é sinal de desenvolvimento – como querem dizer alguns. É sinal de um profundo desrespeito a que estamos nos submetendo. Chaga aberta, agora o Crato inteiro está sofrendo a queda do canal, não somente a comunidade que a este abeira-se. Isto é interessante observar, pois enquanto o transtorno pertencia apenas às pobres almas que não podiam dormir ao som das gotas sagradas, só a eles cabia a angústia. E agora, egoístas como eu, também padecem de um tempo superior ao costumeiro – por conta dos engarrafamentos – para sair e chegar aos lugares. Agora o problema é de todos nós – do Lameiro, Seminário, Grangeiro, Centro, Pimenta, Caixa D’água... Agora dá para sentir que a ferida chega a atingir a todos nós.

O caos se instalou e a estupidez jamais foi tão nítida. Temos praticamente um caminho de ir e vir. E por este caminho, todos: topic, ônibus, caminhões, motos, Hillux, carroças... gregos, troianos e cratenses sentem a unidade do que é necessário: menos, muito menos estupidez, por favor. Neste, e em todos os sentidos, a política tem que servir aos cidadãos, principalmente no momento de urgência e fragilidade. O que temos observado é um duelo travado para saber quem vai conseguir maior antipatia no jogo político das urnas. Na estupidez, todos ganharam.

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