Por: Sibéria de Menezes Carvalho
Dia desses
ouvi a expressão “um bolo em cima da mesa faz de uma casa um lar”.
Depende. Depende do caminho que o bolo fez até chegar à mesa. Não
desmerecendo as padarias maravilhosas de nossa preferência. Agora,
um bolo feito no calor das nossas casas, a quatro, seis, oito mãos,
é um bem precioso. É o encontro, a partilha, a comunhão.
A cozinha
é o termômetro das relações familiares e do coração. Pelo menos
da minha é. Cozinha cheia é sinal de festa. Quente, aromática,
cheia de cores. Quando vou cozinhar é porque estou bem. A alquimia
verdadeira acontece nesse espaço: onde farinha, leite e outros
ingredientes viram um bolo, viram carinho, expressão de amor e
união.
Sinto-me
feliz quando meu filho, pequeno, junto a mim, conversa sobre a vida,
o dia a dia, as suas aspirações; entre uma e outra pincelada de
manteiga na forma. E me pergunta de que é feita a manteiga e de que
são feitas as mães. Alegra-me a caçulinha ensaiando as primeiras
palavras, diz “tente”, referindo-se ao forno “quente”.
Farinha na
mesa, pingos de leite no chão, açúcar e afeto espalham-se sem
ordem alguma na cozinha e pela casa inteira. Meu marido apanha a
forma no armário, conversa sobre os nossos filhos, verifica a hora
da entrada do bolo no forno, divide comigo um café e a sua vida. Nós
quatro, barulho na casa – ali tem vida! Os filhos impacientam-se
pelo bolo que parece jamais vai esfriar, mas logo partem para outra
empreitada. Lavo a louça de coração manso e o cheiro de bolo está
no ar. Meu marido põe a mesa, enfim está pronto, esfria um pouco e
eis que o fruto do trabalho e do prazer de realizarmos algo juntos.
Definitivamente, um bolo desses não se compra.
Bagunça
das boas! Especial. Colheres, tigelas, mesa, pia... do chão ao teto
há farinha e gente feliz.
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