Num momento ponho todas as flechas apontadas num só ponto. Noutro, jogo todas elas no chão e vou embora. Estou surdo e sei que não valiam nada. Acordo. Estou a procurar flechas no chão, nos ares... me desespero em saber que podem ser de alguém, não minhas. Crio novas. Desenho, moldo, e tento esculpi-las como se a mim mesma estivesse fazendo. De novo. Flechas nas mãos e na alma toda. Onde é o alvo agora? Não existe alvo, mas alvos, e tudo é confusão como noutro dia, como no começo de tudo: branco ou preto? Fútil ou útil? Grandeza ou pequenez? Não lido bem com perguntas tão diretas. Não lido bem com direção. Qual direção das flechas? Fecho os olhos, disparo-as no ar e não consigo mais abrir os olhos para saber onde estão. Para onde foram novamente? Atiro flechas ao ar, não a alvos. E o vento, senhor das direções, joga-as aonde quer, penteia os cabelos meus e dos coqueiros e joga palavras ao além, junto às flechas que lancei. Apanho-as do chão. Estão mortas. Não querem ir a lugar algum on...