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Feliz aniversário, Marina

“Mamãe, olhas!”. Com essas palavras Marina me mostra o mundo ao meu redor, ao nosso redor. Um simples “olha”, para apontar as árvores, as pedras, os montes e os pássaros seria pouco, por isso, prefere dar ao olha um s final, como um plural, e me diz, muitas vezes: “Mamãe, olhas!”. E num instante, o cobertor que estava sobre tudo se desfaz e as cores vêm, junto a todos os outros sentidos: ouço tudo..., vejo tudo, sinto tudo. O sentido é outro. Eu sou outra. Eu sou mãe dessa pequena. Coragem em miniatura pra compensar o corpo pequeno... ou seria o contrário? Um corpo pequeno pra disfarçar a braveza marinha, como seu nome?
Mas hoje não quero saber, ou pelo menos não quero saber que sei. Quero sentir, que é a melhor forma de saber de alguma coisa. Quero sentir teus dois aninhos, que cabem nas pontas dos teus pequeninos dedos, querendo me apontar quanto já tens, sem ainda saber o que significa isto, forma mais linda de saber. Quero sentir que tocas meu mundo apontando o indicador perfeito na direção de tudo o que existe. Diz-me, sempre, minha pequena Marina: “Mamãe, olhas!”. Deixa-me para sempre lembrar que existe muito que se olhar e se ver, Marina. Deixa-me corromper a linguagem sempre pra dizer o que eu vejo, minha “Tetê princesa”. Dá-me sempre essa alegria que trazes no corpo inteiro e para além dele, meu amor.
Brinca comigo e me dá a bênção de ser a criança que eu nunca fui, ou que eu teria sido ou mesmo a que eu já fui, um dia, minha “Fofalda gordô”. Presenteia a mim com mil palavras jamais ditas e com as caras e bocas que fazes pra me dizer o que eu nunca saberia sem ti.
Marina, olhas! Hoje é teu aniversário. Mais dias, menos dias, poderás entender o que é isto. Mas hoje, “beija eu, molha eu, aceita eu”. Hoje deixa, como sempre deixas, que eu ria, que eu te abrace, que eu te ame, que eu te aperte e que eu sinta que meus braços têm o tamanho exato de te ter entre eles, hoje, amanhã e sempre. Deus te abençoe, minha Marina linda! Deus, muito obrigada!

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