Pular para o conteúdo principal

Do it yourself

Há algum tempo venho insuspeitavelmente vivendo o "faça você mesmo" (interessante, pode ser entendido "faça a si mesmo"), é, pode ser. Mas, neste momento, tenho quase uma idéia fixa ("Deus te livre, leitor, de uma idéia fixa!" - Brás Cubas). Pois é, tenho de admitir, tenho uma idéia fixa e não quase uma:


Se você pensou - costurar - acertou! Quero aprender a costurar. E sei que vou. Falta-me pouco (rsrsrsrsrs) só fazer a matrícula num curso, comprar uma máquina de costura... ou seja, arranjar tempo e dinheiro para tanto. Mas é uma questão de... como eu diria... investimento! Não desses com retorno financeiro, mas com o seguinte retorno:


Ouço pássaros cantando? Sinto borboletas nos meus ombros?


Filho, é a sua cara!

Que tal um café, amor?

Umas roupitchas também, que não sou de ferro...
Mas podes perguntar:
E daí, por que não comprar isso tudo? Ou já supõe que estou querendo economizar... brincadeirinha! Mas a questão vai além disso. É carinho, é memória. Só pra citar duas.
A primeira é que minha mãe (que era professora), mesmo com tanto trabalho a fazer, fazia questão de cuidar de algumas roupas nossas (minhas e das minhas irmãs) ela, tipo, brincava de boneca com a gente. E nos chamava pra prová-las e tinha um imenso contato conosco enquanto suspeitava (ela e nós) que aquilo era uma simples costura. Mas não. Era uma roupa, feita especialmente para nós, e que jamais seria vendida em lugar nenhum neste mundo. E isso tudo antes de existir essa glamourização em torno da exclusividade. Era um jeito de acompanhar como crescíamos, como mudavam os nossos gostos, ou como, rapidamente nos tornávamos pessoas grandes.
A segunda é que eu - anos mais tarde - com o nascimento do meu filho (que hoje tem cinco anos) senti uma imensa necessidade de fazer esse carinho pra ele. Grávida e cuidando do seu enxoval, adivinha o que eu fiz? Minha mãe passou dias comigo, costurando lembrancinhas, colchas, fronhas, tapetes, tanta coisa! Talvez o resultado não tenha saído tipo-exportação, mas, certamente, é uma lembrança incrível que tenho daquele quarto, hoje já desfeito pelo passar dos anos e das necessidades - agora Ulisses é um garoto de 5 anos, quer saber de super-heróis e carrinhos barulhentos. Mas tenho certeza de que minha mãe e eu (e futuramente ele) nunca esqueceremos que passamos tardes fazendo planos e colchas pra chegada dele... Nossa! Fiquei emocionada... Dividam comigo a expressão: "Ow que coisa linda!"



Colchas e protetores de berço - não têm preço.

Comentários

  1. Sibéria, a página está simples, bonita e criativa. O mesmo digo sobre este texto.Você “corta as coisas inúteis” e, isto nos leva a lê –lo(s) até o fim. Vou continuar seguindo.Flávio (Fiv), sábado-24.04.10

    ResponderExcluir
  2. Nossa! Como me encontrei em várias partes do teu texto! Tantos desejos em comum!Tu escreves de um modo tão singular!Parabéns, amiga.

    ResponderExcluir
  3. Sibéria, existem algmas coicidêncais entre nós, minha mãe era costureira,hoje só ocacionalmente, e eu por várias vezes tiver este desejo, quando solteira ainda ensaiei, e fiz roupas para me e até bolsas para algumas amigas que gostavam do que eu produzia. as veze esse desejo retorna...Beijos

    ResponderExcluir
  4. Q delícias de lembranças!

    Bolsa channel: R$1200,00
    Vestido Cantão: R$360,00
    Sapato Arezzo: R$250,00
    Roupas feitas pelo carinho da mamãe: NÃO TEM PREÇO!

    parabéns, linda!

    ResponderExcluir
  5. Só pra esclarecer: as quatro primeiras fotos foram tiradas da net e não coloquei os créditos porque não mais os encontrei. Quanto à gracinha do bebê é Ulisses, o meu filho; na primeira foto ele estava com 1 mês, na segunda, aos 4 meses. Beijos!!!!

    ResponderExcluir
  6. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  7. Oi, Sibéria, muito obrigada pela a visita no meu blog, não sei escrever com tanta simplescidade e delicadeza nas palavras,mas, elas tem me ajudado sim. Estamos com saudades,amei as fotos, um beijão principlamente em Ulisses.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

LIVRANDO-SE DE CALCINHAS-UM-POUCO-VELHAS

LIVRANDO-SE DE CALCINHAS “UM POUCO VELHAS” “Sujo atrás da orelha, Bigode de groselha, Calcinha um pouco velha Ela não tem” (Chico Buarque/Edu Lobo. Ciranda da Bailarina) A partir desses versinhos, lindamente interpretados por Adriana Partimpim (heterônimo da Adriana Calcanhoto para crianças), surgiu, numa roda de meninas-não-bailarinas, onde, felizmente, eu estava, um assunto que me chamou atenção. “Isto merece um texto!”. Ei-lo! A pergunta é a seguinte: o que fazer com calcinhas velhas? Daquelas mesmo que estás pensando nessa sua cabecinha, aquelas... que todas nós tivemos, temos e teremos, em algum momento da vida – se Deus quiser! Calcinhas um pouco velhas sempre estarão nas nossas gavetas. E como teremos rituais e alguma dificuldade para jogá-las fora! Conversa vai, conversa vem... fui ouvindo depoimentos tão curiosos que me arrepiei ao pensar no quanto estávamos desfrutando de tamanha intimidade naquele momento. Eu também tive a minha hora de confessar o que costumava fazer com ...

Detonando em 3, 2, 1...

Por Sibéria de Menezes Explosão é multiplicação, é divisão. Explodir é extremamente necessário e vital. Dizem que o mundo, este mundo, nasceu de uma explosão. E o que somos nós, senão uma explosão ambulante? É preciso arranjar uma forma de explodir – de amor, de ódio, de tesão, de ternura, de revolta, de literatura. Explodir é não caber mais em si, é não se rodear pelas mesmas margens e definir um novo contorno, borrado ainda pela “imatureza”. Quer saber? Exploda-se! Multiplique-se em mil pedacinhos, estraçalhe-se, divida-se e, recomponha-se, arranje outro jeito de estar aqui, sente-se do lado oposto, ouça uma nova canção, reinvente-se para encher-se de outras certezas e, quando não couber mais andar com elas... saiba – é tempo de uma nova explosão. Corte os cabelos, jogue-os para o outro lado, tome o ônibus errado de propósito, diga que hoje NÃO ou diga que hoje SIM. Derive-se. Crie-se. Conjugue-se. Exploda. Ouço o barulho ao redor. Está tudo a explodir a todo in...