As Borboletas, quem as desenhou tão belas? Quem pôs motor em suas asas para que voassem nuvens adentro sem nenhuma preocupação com o que venha a ser a filosofia, os homens e as palavras? Quem sabe não guardam em segredo todas as preocupações e perguntas do mundo, que só poderiam caber mesmo na envergadura de suas estranhas e tatuadas asas a bater e voar para distâncias extravagantes? Na sua inconfundível grandeza como conseguem ser delicadas e tão pequenas? Dias desses tive uma estranha alegria que só um nascimento poderia causar. Vi, com meu filho, uma Borboleta a se livrar breve e grave do casulo que não era mais ela mesma. Agora casulo era uma coisa, Borboleta outra, embora não soubessem antes o que era a vida de um sem tomar a vida do outro. Apartaram-se, não eram mais um. Havia borboleta dentro daquela casa? Haveria algo que não fosse borboleta antes daquilo? Onde está o relógio que diz que é hora de bater as asas e voar e ser borboleta? Foi uma epifania. Um presente. Uma poesia. ...