Sou rio que não quer ser mar. Corro doce e revoltoso em direção ao destino de ser outra coisa. Tenho margens Tenho profundezas Tenho quedas e curvas.No misterioso trajeto eu vou seguindo a minha natureza Eu não posso voltar atrás Nada posso contra a gravidade Devo aceitar a metamorfose. Enquanto ela acontece, Olho à esquerda e à direita Sem sentir-me jamais seguro para ir adiante Mesmo assim, eu vou. Às vezes arrasto com violência o que está no meu caminho Em outras, deslizo com suavidade Possuído por embarcações de esperança Não quero chegar a mar Mas sou empurrado sem alguma misericórdia Revolto-me, e, pouco a pouco, perco a doçura ...