Por Sibéria de Menezes É comum afirmar que a grama do vizinho é sempre mais verde. Aí o outro é paragem e delícia. Mas há um outro. Outro que ignoramos, outro a quem queremos ainda mais mal. O outro por quem não nos compadecemos. Por quem não exercemos compaixão: aquele que sofre. Aquele que carrega uma dor. Porque a dor do outro não é desejada como é a grama do outro. Porque a dor é um substantivo abstrato. Porque precisamos sentir para saber dimensionar a dor. Para quem já sentiu uma dor, qualquer delas, talvez seja um pouco mais fácil colocar-se no lugar do outro. Há, porém, o esquecimento da dor. Há quem mesmo tendo passado por experiência semelhante a do outro, ainda o julgue, ainda ridicularize a dor pela qual o outro passa. (Com)paixão, capacidade de sofrer a dor do outro, dimensionar a dor do outro, entender que o outro precisa de suporte. É mais que o ato de (com)padecer-se do outro, porque a compaixão deve ir além do lamento e da contemplação da dor alheia. ...