Minha cabeça não é muito boa. Ela me engana a qualquer deslize, a qualquer tempo em que preciso de juízo. Minha cabeça me faz passar vexames por não dar conta de que dia ou hora é hoje ou ontem ou amanhã. Ela não está preparada, e talvez nunca estará, para a vida prática, de ajuntamentos de informações e dados ou datas, sempre elas, as datas... a se desencontrar de mim. Nela, na minha cabeça, esqueci (ou esqueceram, não sei) de marcar os dias das coisas e, assim, me esforço quase heroicamente para responder que dia é hoje? Quando é tal dia? Quando foi o último feriado? Quando... quando... quando... é tanto quando interrogado na minha vida, que me dá uma agonia. Eu vivo num branco, aonde minha cabeça me levou e leva. Sem saber me preocupar que dia será o fim do mês, do gás, da luz, da água ou do telefone. Sou uma irresponsável sem causa e sem chance de cura, mas com sofrimento. Eu sofro quando a enxurrada me atinge em cheio, impiedosa vida que me cobra o que minha mente não alcança. Mi...