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Mostrando postagens de junho, 2015

A DOR DO OUTRO

Por Sibéria de Menezes É comum afirmar que a grama do vizinho é sempre mais verde. Aí o outro é paragem e delícia.  Mas há um outro. Outro que ignoramos, outro a quem queremos ainda mais mal. O outro por quem não nos compadecemos. Por quem não exercemos compaixão: aquele que sofre. Aquele que carrega uma dor. Porque a dor do outro não é desejada como é a grama do outro. Porque a dor é um substantivo abstrato. Porque precisamos sentir para saber dimensionar a dor. Para quem já sentiu uma dor, qualquer delas, talvez seja um pouco mais fácil colocar-se no lugar do outro. Há, porém, o esquecimento da dor. Há quem mesmo tendo passado por experiência semelhante a do outro, ainda o julgue, ainda ridicularize a dor pela qual o outro passa. (Com)paixão, capacidade de sofrer a dor do outro, dimensionar a dor do outro, entender que o outro precisa de suporte. É mais que o ato de (com)padecer-se do outro, porque a compaixão deve ir além do lamento e da contemplação da dor alheia. Cri

Comboio de corda

Meu coração religiosamente sincrético passeia na             lacuna que há entre o céu e a terra,             entre o mar e o sertão Meu coração árcade-barroco-parnasiano entre a loucura e a razão, carrega um amor nascido da distância entre o corpo e o espírito. Vaga no espaço-tempo do aqui-lá.             R epousa no equilíbrio que habita intercessões de desertos e mares. Meu coração acolhe ao que há entre o tudo e o nada. Meus pés sobre o chão, eqüidistantes, equilibram-me:             um lá, outro aqui             lado a lado             extremos             paralelos. Inculto e ermo, vaga meu coração entre estrelas e satélites: vácuo e imensidão. Sibéria de Menezes Título alusivo ao poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa.