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Mostrando postagens de julho, 2010

"José, para onde?"

Num momento ponho todas as flechas apontadas num só ponto. Noutro, jogo todas elas no chão e vou embora. Estou surdo e sei que não valiam nada. Acordo. Estou a procurar flechas no chão, nos ares... me desespero em saber que podem ser de alguém, não minhas. Crio novas. Desenho, moldo, e tento esculpi-las como se a mim mesma estivesse fazendo. De novo. Flechas nas mãos e na alma toda. Onde é o alvo agora? Não existe alvo, mas alvos, e tudo é confusão como noutro dia, como no começo de tudo: branco ou preto? Fútil ou útil? Grandeza ou pequenez? Não lido bem com perguntas tão diretas. Não lido bem com direção. Qual direção das flechas? Fecho os olhos, disparo-as no ar e não consigo mais abrir os olhos para saber onde estão. Para onde foram novamente? Atiro flechas ao ar, não a alvos. E o vento, senhor das direções, joga-as aonde quer, penteia os cabelos meus e dos coqueiros e joga palavras ao além, junto às flechas que lancei. Apanho-as do chão. Estão mortas. Não querem ir a lugar algum on

Sem título

Por: Sibéria Meias arrastão pra te impressionar Lábios de carmim para te beijar Risos de champanhe para te humilhar A moça não quer ser moça Quer ser lady Nas madeixas tenho a força Para o que quiser Agora me deixa Que quero sofrer Para a poesia poder existir Não posso ser moça, Nem branca, nem pálida, nem de neve Quero a dor Só com ela se conhece o que é amor Amor não é o que está nos folhetins Amor está mesmo é naquele jeans Que uso apertado prá te sufocar Amor está mesmo nos sapatos altos prá te alcançar Amor está, verdadeiro está, nas lágrimas que amargas hão de rolar Quando me disseres, como os outros, Que já não vai dar, meu amor Não vai dar valsa, Vai dar uma música qualquer Que pelo sofrimento vai me afirmar como uma mulher.

Falha folha branca

Sibéria O poeta sofre A folha em branco Como se branca Fosse a vida Toda Escreve datas Garranchos Seu próprio nome E vai Desenhando a folha No exercício confuso Da beleza de ser Poeta Uma palavra: E basta, Para que tudo Ache sentido e forma e cor Mas não qualquer palavra Ou mesmo qualquer uma, só que agora: Ventilador, fósforo, janelas... Desde que se abram Todos os sentidos. A folha branca A cara branca A roupa branca Esperam a palavra Que vá manchar-lhes a Tediosa brancura O poeta sofre com a brancura das coisas.

SINAIS DE QUE ESTAMOS ENVELHECENDO

Estão fazendo “remake” de tudo que marcou um tempo que até hoje você não sabia que havia passado: das roupas, dos acessórios, das bandas, das novelas, das cores, dos carros... Obviamente você detesta alguns, principalmente os das bandas e diz: “Nunca mais um Cazuza!”, “Nunca mais um Renato Russo”... e muitos garotos(as) de 15 anos olham pra você e dizem: “Quem?”. Bem, a música é por onde eu gostaria de começar porque sou uma criatura muito musical, mas, mesmo assim, não sei se estou ficando exigente demais (ou rabugenta mesmo), mas tenho pouca paciência para ouvir músicas novas. Parei no tempo, quase totalmente, no sentido musical. 90% das músicas que ouço hoje são as mesmas que ouvia há dez, quinze anos. (Outra mania de adulto: ficar apontado porcentagens... um saco!) Como nossos pais, achamos que todas as “bandinhas” (e assim fazemos questão de chamá-las) são iguais. Que Restart, Jonas Brothers, RBD, Justin Bieber, NX Zero, são a mesma coisa. Achismo que pode nos custar o rótulo de “

CHEGAR CEDO

Não sei de onde, desde a infância tenho verdadeira mania por chegar cedo. Minha mãe me ajuda a construir a imagem que carrego de eu sempre chorar quando me atraso em algum compromisso. Lembro perfeitamente, das poucas coisas que lembro da minha distante infância, de como eu chorava e me desesperava por chegar à escola mais tarde. Nossa! Era um tormento. Talvez lembre assim tão bem, porque é exatamente assim que me sinto até hoje quando não chego cedo. Experimento de uma deliciosa, diria até orgástica, sensação cada vez que chego um pouco mais cedo. Isso é um paradoxo, pois, por outro lado, sou uma pessoa que atesta não ter paciência para esperar. E, embora não gostando, acho que talvez eu seja a pessoa que conheço que mais espera. Pois dei na “sorte” de conviver com pessoas que adoram que eu espere. Minha família toda é assim – ou talvez, porque sou a primeira a chegar, ou a estar pronta, sou eu também a que sempre espera. Paradoxal, não? Será que tenho pressa? Será que no fundo eu gos